Seja bem-vindo ao seu único e exclusivo pôr do sol, no meio do longínquo nada. Ponha-se confortável e relaxe, enquanto embarcamos numa viagem pela sua vida.
Comecemos pelo início: a infância. Esta fase foi uma descoberta do mundo, em que fez novas amizades e aprendizagens. Ao longo da sua infância, começou a construir a sua personalidade e caráter, mesmo sem o saber. Se for honesto consigo próprio, foi a única fase da sua vida em que foi verdadeiramente feliz. A despreocupação inerente à falta de responsabilidades tem destas coisas: faz-nos felizes de uma forma que nada mais o poderá fazer. É normal. Passamos todos pelo mesmo.
A juventude, no entanto, foi uma fase que, sendo igual à infância, foi diferente. Continuou a aprender e a descobrir, talvez até mais do que antes. Voltou a fazer novas amizades, construiu relações com os outros e consigo próprio e desenvolveu ainda mais o seu caráter. A diferença está em como o fez. Fê-lo com mais maturidade e preocupações do que na infância. Tinha mais experiência e vivências e tinha perdido a sua inocência. Para além disso, começou a fazer planos para o futuro, a sonhar e a ter esperança que tudo isto se tornasse realidade.
Depois, a magia foi-se… chegou a vida adulta e, com ela, a sua brutal realidade. A sua vida adulta não foi a fábula romântica que tinha sonhado, mas sim uma fase de muito trabalho e poucas recompensas. Foi uma fase que o testou, pois percebeu o que era, verdadeiramente, cuidar de si. Ainda assim, nem tudo foi mau. Contruiu uma vida com alguém e encontrou nessa pessoa o conforto e a segurança que sempre quis. Teve filhos, criou-os da melhor forma que soube e pôde. Perseguiu os seus sonhos, por muito que alguns não se tenham concretizado. Com tudo isto, cansou-se e precisou de descansar.
E é aqui que entra a velhice. Foi a fase da sua existência que lhe permitiu descansar, após todos aqueles anos de trabalho duro. A velhice foi o período mais bonito da sua vida. Ao longo destes anos, aproveitou tudo o que tinha construído, viu os seus filhos a crescerem sozinhos e a viverem as suas próprias vidas. Pensou nas memórias, nas boas e nas más, nos orgulhos e nos arrependimentos. Viveu os seus anos dourados. Até que não viveu mais.
Entretanto chegou aqui, a este espaço enorme, vazio, só nós, o pôr do sol e o eterno nada. Olhe! Veja! O sol está a desaparecer! Tem que se despachar agora… mas, antes disso, pense em tudo o que viveu mais uma vez! Nos remorsos, nos rancores… mas, também, nas alegrias e nas vitórias… Veja tudo! Lembre-se de tudo! Liberte-se disso e poderá ir… boa viagem… aproveite a eternidade…
Texto realizado pelo aluno Gonçalo Roriz, da turma C, do 12.ºano, na disciplina de Português sobre as etapas da vida: infância, vida adulta e velhice.