Este ano celebramos os cinquenta anos do 25 de abril, mas vamos relembrar: como se vivia em Portugal antes disso? Portugal vivia numa ditadura desde 28 de maio de 1926, quando se deu o golpe militar. A partir de 1933, e até 25 de abril de 1974, a história de Portugal ficou marcada pela liderança de António de Oliveira Salazar e o Estado Novo, isto é, regime autoritário que governou o país e ficou caracterizado pela forte centralização de poder, pela censura à imprensa e à liberdade de expressão, pela repressão política e pela limitação dos direitos individuais.
Ao longo desta ditadura, todos os meios de comunicação – tais como o cinema, livros, rádio, jornais…, – eram extremamente controlados pelo governo, ou seja, algo que fosse contra os ideais do Estado Novo seria proibido, logo a liberdade de expressão era bastante restringida. por isso, a população vivia na ignorância de muitas ocorrências mundiais e até mesmo nacionais. Relativamente à educação, esta era persuadida pelos valores nacionalistas e conservadores, os feitos da história portuguesa eram enaltecidos. O Estado procurava “moldar” desde cedo as mentes dos jovens para garantir lealdade ao governo. As vidas das pessoas eram assoladas pelas dificuldades económicas, pois a economia focava-se na autossuficiência nacional, limitando também as importações, o que resultou numa escassez de bens e tecnologias.
Não nos podemos esquecer da Guerra Colonial, que teve início a 4 de fevereiro de 1961 e terminou treze anos depois, a 25 de abril de 1974. Podemos dizer, até, que a Guerra Colonial foi o motivo direto que levou à queda do regime ditatorial que se instalara em Portugal. Mas, afinal, o que foi a Guerra Colonial, ou do Ultramar?
Foi um conflito armado em que Portugal enfrentou movimentos de independência nas suas colónias africanas, principalmente Moçambique, Angola e Guiné-Bissau. O período que se passou foi conturbado e teve grandes repercussões sociais, económicas e políticas tanto para o nosso país, Portugal, quanto para as suas ex-colónias. Qual foi, então, a importância da Guerra Colonial? Foi importante, como referido anteriormente, para a proceder à descolonização e para o próprio o declínio do Estado Novo. O custo humano e financeiro da guerra criou um descontentamento popular e militar, que levou à Revolução dos Cravos, no dia 25 de abril de 1974. Acabou a ditadura, acabou a guerra – que deixou um profundo impacto, tanto na sociedade portuguesa quanto nas sociedades das ex-colónias, tendo sido crucial para fortalecer a consciência moral e apoiar lutas pela independência.
Com isto, podemos perceber que Revolução teve uma importância vital na sociedade portuguesa, pois, não só modificou as estruturas económicas e políticas, como também transformou as relações sociais e culturais. Após a queda do Estado Novo, os cidadãos ganharam, por fim, liberdade de expressão e puderam, então, fazer parte da política. A população, que vivia na ignorância, ganhou consciência.
Além disso, o 25 de abril iniciou reformas sociais importantes, como a luta pela igualdade de género e a melhoria das condições de vida e de trabalho, por exemplo. Mas, com certeza, uma das maiores alterações que ocorreu com a Revolução foi a independência das antigas colónias e o estabelecimento de relações mais igualitárias com os países africanos. Esta foi uma das maiores alterações, porque ajudou a sociedade portuguesa a reconhecer e a valorizar a diversidade cultural e étnica. O 25 de abril motivou a solidariedade e a cooperação internacional, trouxe também um otimismo e renovação à sociedade portuguesa, onde surgiu uma inspiração de movimentos artísticos e intelectuais, que procuraram refletir sobre as mudanças e desafios desta nova sociedade que se pretendia construir.
Podemos concluir, assim, que a liberdade de expressão permitiu o surgimento de novas perspectivas e vozes que contribuíram para a evolução da sociedade portuguesa e desenvolveram os debates políticos. É possível terminar dizendo que estamos gratos pela Revolução do 25 de abril de 1974, que comemora cinquenta anos, pois teve um impacto profundo e duradouro na vida dos portugueses e delineou a trajetória do país nas décadas posteriores.
Texto de: Iara Marques, 11.ºD