A utilização da Arte na etapa inicial da educação é fundamental para estimular o progresso dos jovens. Através da arte, é viável adquirir conhecimento, desenvolver habilidades inéditas e perceber diversas visões e emoções em relação a um determinado assunto. Por isso, vamos refletir sobre o papel da arte na educação das crianças e jovens, partilhando os trabalhos artísticos, desenvolvidos em aula, com alunos do segundo ciclo.
Através da expressão artística, o jovem poderá interpretar o seu entorno, compreender a realidade em que está inserido e interagir com ela – o que se revela crucial para o seu desenvolvimento, para que a sua criatividade seja encorajada e nutrida, constantemente, com atividades pedagógicas, que sejam sensíveis, divertidas, prazerosas e alinhadas com o seu mundo.
Como tal, é fascinante usar vários tipos de materiais na sala de aula quando se trata de ensinar os mais jovens. Isso facilitará a exploração e a estimulação da criatividade das crianças. As atividades lúdicas são essenciais para que eles aprendam a expressar-se, valorizar-se e aproveitar as várias formas de arte e cultura.
Saber como expressar as suas emoções é essencial para melhorar a vida pessoal e social. Isso é particularmente importante durante a adolescência, quando os jovens começam a formar as suas próprias perspetivas. Os mais jovens podem usar a expressão artística para expressar as suas emoções, pois esta ajuda-os a vivenciar e interpretar os seus sentimentos por meio do desenho e da pintura, por exemplo. As crianças são naturalmente criativas. Desenvolver a criatividade é, sem dúvida, um elemento é diretamente benéfico para o processo de aprendizagem, devendo esta área ser explorada cada vez mais. As atividades artísticas permitem que os mais jovens consigam demonstrar os seus talentos e habilidades inatas para entender a realidade. Por fim, é importante realçar que, para o desenvolvimento intelectual e crítico, é necessário o uso da imaginação e da visualização do mundo.
Existem muitas formas divertidas de usar as artes para aumentar a sensibilidade dos adolescentes e ajudá-los a explorar os seus próprios sentidos. O reconhecimento de si mesmo e dos outros é um dos aspetos mais benéficos da aprendizagem artística. Atividades que promovem a expressão artística ajudam os mais jovens a desenvolver uma atitude autossuficiente e socializadora. Assim, são mais capazes de distinguir sentimentos alheios e os próprios. As crianças podem desenvolver o pensamento crítico e a capacidade de reflexão por meio da educação artística. Isso significa que os pequenos aprendem a questionar, compreender, criticar e a respeitar diferentes perspetivas sobre as mesmas questões. Encorajar a aprendizagem artística, desde a infância, seja em casa, na escola ou em outros contextos, será benéfico para o desenvolvimento cognitivo e da personalidade dos mais pequenos.
Elementos da forma: a linha e o ponto
Para ampliar os horizontes e a participação das crianças nas artes, e na criação e expressão artística, desenvolveram-se diversas atividades em aula. O processo iniciou-se com a discussão sobre linhas no espaço e a sua exploração na sebenta da disciplina. Foi fornecida uma variedade de materiais para que eles pudessem criar as suas próprias linhas em composições visuais.
Para expandir a visão das crianças sobre as linhas e os pontos nos desenhos, começamos por observar as obras de arte e conversar sobre o que são as linhas e os pontos, bem como sobre as formas como os artistas as exploravam nas suas obras. Ficou bem patente a importância da linha, na construção de uma emoção, de um significado de uma composição visual, espelhando os resultados do mundo que nos rodeia. Os alunos começaram a perceber a importância da harmonia dos elementos da forma, como um todo, a linha e o ponto – todos estes elementos formam a bela música de um quadro final: a obra de arte.
Abordamos, em simultâneo, o movimento artístico do Pontilhismo, resultado de vários outros movimentos culturais, em França, por volta de 1880. O Pontilhismo surgiu da observação de que pontos de cores sólidas, cuidadosamente colocados um ao lado do outro, produziriam o mesmo efeito que a mistura das mesmas cores numa paleta. Os principais fundadores do movimento, Georges Seraut e Paul Signac, também representaram o ponto alto desta “tecnologia”.
Os alunos acabaram por pintar um quadro muito famoso deste movimento cultural: “Tarde de domingo na ilha de Grande Jatte”, de Seurat. Aí puderam perceber, ao experienciar, todo o processo de concentração, e de persistência, necessário na aplicação desta técnica.
O Cubismo e as máscaras
O Cubismo é um dos estilos mais proeminentes da chamada vanguarda, sendo mesmo um dos estilos mais discutidos do Modernismo. Mas o que é que a “arte africana” tem a ver com isso? O memorável Pablo Picasso (1881-1973), um dos pioneiros do Cubismo, começou a desenvolver o estilo em 1905, após visitar uma exposição de arte africana no Museu de L’Homme, em Paris. O artista ficou profundamente impressionado com as obras expostas, especialmente as máscaras, o que o levou a tentar retratá-las em pinturas. Pelo facto de as máscaras terem um significado sagrado, mas também pela simplificação da forma, tornaram-se referência para alguns artistas modernistas, principalmente Picasso. Sob a influência dessas máscaras, ele descobriu uma nova etapa na sua obra, que alguns pesquisadores chamam de primitiva.
Os alunos mergulharam nas ricas linhas do movimento artístico do Cubismo e criaram as suas próprias interpretações artísticas das máscaras cubistas. Este projeto é o resultado de uma abordagem, em aula, da vida e obra de Pablo Picasso. As máscaras têm, portanto, uma longa história como símbolos e representações rituais dos vários povos e nações. Elas desempenham um papel importante em cerimónias, festivais e eventos sociais. As máscaras exploram uma variedade de estilos e formas, cada uma refletindo a riqueza e a complexidade da cultura em que está inserida. Os alunos envolveram-se num estudo aprofundado das linhas do Cubismo, mais propriamente, de Picasso. Examinando elementos como a boca, os olhos, o nariz, as orelhas – todos representados geometricamente, com linhas retas e em proporções anormais, e perspetivas opostas. Inspirados por esta abordagem, utilizaram técnicas do Cubismo para criar as suas próprias máscaras únicas. Cada máscara não é apenas uma expressão artística, mas também uma ligação às suas representações internas do que ficou das suas inspirações cubistas. Celebrando as máscaras cubistas, reconhecemos a profundidade das tradições culturais e a importância de preservar e partilhar este património.
Os alunos demonstraram grande recetividade e entusiasmo durante o processo de aprendizagem e de criação das suas obras artísticas, quer ligadas ao Pontilhismo quer ao Cubismo.
Deixamos aqui alguns exemplos dos trabalhos realizados, durante os meses de janeiro e fevereiro, nas aulas de Educação Visual e Educação Tecnológica.